terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Enfim, de volta das férias...


Sabe, eu acho que não sou capaz... As vezes me sinto assim, completamente incapaz. Incapaz de escrever, de ler, de discutir, de reagir, de correr, de trabalhar. Os dias de total inércia me comovem como os filmes de Bergman. Me acalantam comos os sambas lentos e arredondados. Aliás, a palavra inércia parece sugerir a mim um quarto escuro cheio de filmes e comidas. Eu me lembro que em tempos anteriores eu sofria da terrível depressão de domingo. Logo que acordava, bem tarde e bem de ressaca, sentia o ritmo lento do meu corpo e já logo pensava na indescritível segunda-feira-cheia-de-trabalho-e-aulas-pulando-para-todos-os-lados-da-minha-manhã-tarde-e-noite. Então, minha primeira reação era sempre caminhar lentamente até o shop beef, comprar a maior marmitex com saquinho de alface acompanhando, ir até a locadora e perder algum tempo, o quanto fosse preciso, para achar aquele, sabe aquele, filme, ou aqueles. Então voltava para casa cheio de nada dentro de mim, não querendo pensar sobre o amanhã que logo viria, mas pensando exclusivamente sobre ele. Então comia até doer. Deitava em meu quarto, aproximava-me do computador e colocava os filmes, que de um em um iam tomando conta de meu tempo, até chegar no absoluto final do tempo livre. Quando olhava para o relógio e via que estava próximo da meia noite, e que a segunda estava por segundos tomando conta de mim, me lavava de angústia e tentava dormir atordoado pela idéia do não querer. Depois, no ano seguinte, tomei uma fantástica decisão de trabalhar bem pouco na segunda...quase nada. Resolvi um problema. Mas sempre possegue em mim a preguiça. Aceito-a. Pode entrar. Me tome de vez em quando. Não luto contra, acho besteira viver alucinado. Gosto dos procedimentos que sugerem um pouco a pouco. Não sou capaz de mais do que isso. Parei de escrever por um tempo. Queria voltar, mas tinha preguiça. Até que voltei. Quem sabe não retomo... sem pressão. Só sentindo o prazer de estar aqui. Sabe, a vida me tem sido tão dura ultimamente. Tem me levantado tantos muros endurecidos de concreto. Para que é que vou ficar chocando com a cabeça por eles? O melhor é ir cavando aos poucos, quando a vontade pedir. Sempre que possível tirarei férias. São ótimas para a mente. Mas quando elas acabam, aqui estou eu para marcar... Retomo sim, mas sabendo que outras férias virão, e que as segundas ferias voltarão a ser domingo.
*Foto da obra de Leonilson